Hela voltou aos holofotes recentemente com sua figura central na trama da terceira temporada de Marvel Rivals. Mas o que muitos jogadores talvez não saibam é que a personagem ostenta uma longa e complexa trajetória nos quadrinhos da Marvel, repleta de recontagens de origem, alianças improváveis e momentos extremamente marcantes. De sua origem controversa ao comando do submundo e um casamento inesperado, a Rainha de Réu é uma força a ser reconhecida.
Hela governa Hel, um reino localizado em Niffelheim, que é um dos nove reinos da mitologia nórdica. Frequentemente chamada de Rainha de Réu, ela tem a capacidade de alterar sua aparência quando desejar. Embora seu reino possa servir como um lugar de punição eterna, no estilo clássico do inferno, ele também é o destino final para todas as almas dos nove reinos. É notável, contudo, que Hela aparentemente não tem controle sobre Valhalla, o lar dos heróis caídos e honrados na vida após a morte.
A Dualidade Cadavérica e o Poder do Naglfar
Um dos detalhes mais marcantes e bizarros de Hela é sua aparência física: metade de seu corpo está em decomposição, enquanto a outra metade permanece viva e saudável. Esse conceito vem diretamente da mitologia nórdica e simboliza sua intrínseca ligação com o submundo. Nos quadrinhos, essa dualidade se manifesta de forma mística; quando Hela usa sua capa mágica, ela assume uma forma viva e poderosa. No entanto, se essa capa for removida, o lado esquerdo do seu corpo retorna ao estado de decomposição, deixando-a extremamente fraca, quase imóvel e incapaz de usar seus poderes.
Entre as diversas armas mágicas do Universo Marvel, poucas carregam o mesmo peso simbólico da espada noturna, a lâmina empunhada por Hela. Criada para refletir seu domínio sobre o submundo, ela pode ser invocada sempre que Hela desejar e está diretamente ligada aos seus poderes místicos. Mais do que um mero instrumento de batalha, essa espada é uma extensão do poder sombrio de Hela, e já foi capaz de protagonizar um empate em um combate direto contra Plutão, o equivalente a Hades da mitologia greco-romana da Marvel.
Hela também está intrinsecamente associada ao Naglfar, um navio lendário. Esta embarcação é descrita como sendo construída exclusivamente com as unhas cortadas dos falecidos, e é destinado a transportar as forças do caos durante o Ragnarok. O próprio Thor chegou a mencionar que o Naglfar está em construção desde o início dos tempos, reforçando o caráter mítico e inevitável dos poderes que Hela comanda.
Múltiplas Origens e Reviravoltas Criativas
O nascimento e a verdadeira ascendência de Hela foram alvo de muita confusão nas páginas da Marvel por anos. Inicialmente, era dito que ela era filha de Loki com Angry Boda, seguindo a mitologia nórdica. Contudo, uma recontagem em *Thor: Tales of Asgard* afirmou que Hela era filha de Odin com uma deusa cujo nome se perdeu na antiguidade.
A complexidade aumentou ainda mais com a participação de Kid Loki. Uma versão reencarnada de Loki usou magia para criar uma garota chamada Lia, que posteriormente, após ser enviada ao passado remoto para proteção, deu a entender que cresceu e se tornou a própria Hela. Isso transformou Loki não em seu pai, mas em seu criador.
Em sua origem mais radical, revelada no arco Blood of the Fathers, Hela não nasceu naturalmente, mas foi criada artificialmente por Bor Burison, o avô de Thor. Durante um ritual proibido, Bor e seus magos usaram a semente de Galactus e a Chama Eterna na tentativa de forjar uma joia do infinito negra. Quando Thanos tentou roubar o artefato, a joia transformou-se inesperadamente em um bebê Hela. Em meio a um confronto futuro, a recém-nascida Hela foi levada para outra linha temporal, o que a fez envelhecer rapidamente até a adolescência. Ela acabou sendo deixada sob os cuidados de Loki e Angry Buda em Yothein, que passaram a criá-la como filha.
Exílio em Las Vegas e um Casamento Inesperado
Após os eventos do arco Arrok de 2007, Hela acabou ficando presa na Terra, escolhendo Las Vegas, a “cidade do pecado”, como seu novo território. Fazia sentido para a Rainha de Réu buscar um lugar repleto de excessos e vícios para se alimentar das energias de almas perdidas, mantendo seu sustento mesmo após a perda de grande parte de seu domínio. Loki a visitou em Las Vegas em 2009 e encontrou algo perturbador: um armário repleto de cascas humanas vazias. Quando questionada, Hela respondeu friamente que eram brinquedos que a distraíam e forneciam sustento.
O trono de Réu foi posteriormente tomado por Angela, a primogênita de Odin e meia-irmã de Thor, que derrotou Hela e assumiu o reino com o objetivo de alterar as regras da vida após a morte. Angela, tendo alcançado seu propósito, entregou o trono a Balder, deixando Hela sem seu reino e sem influência.
Durante o evento Guerra dos Reinos, Hela foi feita prisioneira de Sindri, a Rainha das Cinzas. Para unir forças contra essa ameaça, Loki propôs um casamento político entre Hela e Balder. A cerimônia chegou a ser iniciada e Hela até recitou seus votos, mas, no último momento, recusou-se a seguir com a união. O desfecho tomou um rumo irônico e inesperado: Carnila, companheira de Balder, tomou o anel negro e espinhoso e o colocou no dedo de Hela, declarando: “Eu aceito o pacto está selado. Com esse anel eu me uno a você, Hela.”. Assim, Hela e Carnila acabaram se tornando esposas e governantes conjuntas de Réu, selando um domínio incomum sobre o submundo.
O Preço de uma Alma no Universo Ultimate
Em uma realidade alternativa, o Universo Ultimate, Hela é apresentada em circunstâncias dramáticas. Após a morte da Valquíria, Thor viajou a Valhala, onde descobriu que era Hela quem governava esse reino, ao contrário da realidade principal (616). Para conceder a ressurreição da amada, Hela desafiou Thor a derrotar seu exército de guerreiros mortos-vivos.
Após a vitória de Thor, Hela impôs uma condição: “o preço de uma alma é outra alma”, exigindo que Thor permanecesse no lugar de Valquíria. Thor aceitou, mas em um novo acordo, ele precisou dar um filho para Hela. Ela engravidou e deu à luz o pequeno Molde, que mais tarde passou a viver com o pai em Asgard.
Fonte: O Vício

